Ministério da Saúde informou hoje (29) que existem nove casos considerados suspeitos de coronavírus no Brasil. Em São Paulo, há três casos; em Santa Catarina, dois; e nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Ceará, um em cada. Até o momento, o ministério foi notificado de 33 suspeitas de casos. Após testes para vírus mais comuns e verificações, 24 pacientes foram descartados para coronavírus.
Um caso é tratado como suspeito se a pessoa esteve na China nos últimos 14 dias e apresentou tosse e febre ao retornar. Neste caso, o paciente é colocado em isolamento e são realizados testes para checar, primeiro, se o que essa pessoa tem é influenza ou outra gripe. Caso os exames não acusem essa possibilidade, é feito o teste para coronavírus.
No momento, apenas o primeiro caso suspeito, da estudante de Minas Gerais, está na etapa de teste para coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, é possível que o resultado do teste seja conhecido na próxima sexta-feira (31).
O ministério da Saúde afirmou que não fará qualquer restrição à entrada de chineses no Brasil. Mesmo com a crescente epidemia de coronavírus – que se alastrou pela China – o governo brasileiro não fechará as portas para os chineses. A título de precaução, o MS tem recomendado que as pessoas evitem viajar para aquele país e que empresários evitem receber pessoas vindas da China para reuniões presenciais.
“Nossa recomendação é que não se viaje para a China. Não cabe ao governo brasileiro recomendar que os chineses saiam de lá ou não, mas estamos recomendando as empresas brasileiras que evitem reuniões presenciais com pessoas que vieram da China”, disse José Gabbardo dos Reis, secretário-executivo do MS.
O ministério também considera que a recomendação do próprio governo chinês para que sua população evite viajar ajudará a reduzir o fluxo de visitas. “Essa recomendação pode até virar restrição, mas isso não tem interferência nossa”, acrescentou o secretário-executivo.
Questionado, o diretor do Departamento de Imunização de Doenças Transmissíveis, Julio Croda, disse que a medição de temperatura do visitante ao chegar no país não é uma medida efetiva e, por isso, não há preocupação em aplicá-la. A recomendação para os que chegaram da China há poucas semanas é procurar uma unidade de saúde assim que surgirem os sintomas de febre e tosse.
Croda, no entanto, destaca que caso os sintomas não sejam graves, a pessoa pode se manter isolada em casa. Com isso, há diminuição, inclusive, da circulação viral entre outros usuários das unidades de saúde. “É muito recomendado que se o paciente não apresenta sintomas que indiquem internação hospitalar, que possa ser feito isolamento domiciliar. Isso está no nosso protocolo”.
O potencial de letalidade do coronavírus ainda não é conhecido. O ministério aguarda dados mais completos da Organização Mundial de Saúde (OMS) a respeito das chances de morte dos portadores do vírus. O recomendado, até o momento, são medidas básicas de higiene para reduzir as chances de contrair o coronavírus: lavar as mãos regularmente e levar a mão à boca na hora de espirrar.
Em 2005, outro tipo de coronavírus, a chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), contaminou mais de 8 mil pessoas, matando cerca de 800. O que o MS sabe é que o novo vírus é menos perigoso, mata menos que a Sars, mas se espalha com mais facilidade.
Carnaval
Por enquanto, o ministério não considera adotar nenhuma medida que altere de alguma forma as festas de carnaval, que acontecerão na segunda metade de fevereiro. A princípio, explicou Gabbardo, serão feitas ações visando a prevenção. Mas esse planejamento pode mudar caso o quadro da epidemia comece a evoluir no Brasil. No momento, não existe nenhum caso confirmado de pacientes portadores do coronavírus no país.
“Não existe nenhuma decisão do ministério da Saúde, neste momento, de alguma interferência ou intervenção mais drásticas em relação ao carnaval. Vamos divulgar para as pessoas o que elas podem fazer para reduzir a possibilidade de transmissão. Vai depender do que acontece nos próximos dias e semanas. Não é uma decisão definitiva”.
O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, acrescentou que o Brasil está no verão e que, por isso, é muito pequena a possibilidade de uma doença respiratória se alastrar por aqui nos moldes do que ocorre na China. Por isso, nenhuma medida mais extrema será tomada a menos que seja realmente necessário. “Não vamos tomar nenhuma medida de exceção por precaução, fazendo ações que impliquem na decisão das pessoas sem termos muita clareza da tomada dessa decisão”.
Atualmente, 6.165 casos foram confirmados em todo mundo, sendo 6.070 somente na China. Naquele país 133 pessoas já morreram por conta do coronavírus. A doença chegou a 15 outros países, como Japão, Estados Unidos, França, Austrália, Emirados Árabes e Alemanha. Hoje foi confirmado o primeiro caso na Finlândia. Não houve ainda nenhuma morte em outros países.
O Ministério da Saúde criou, no âmbito da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um grupo de emergência em saúde pública, com o objetivo de conduzir e monitorar as ações referentes aos casos de coronavírus. A portaria da criação do grupo foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (29).
O grupo de emergência será composto por representantes do gabinete da presidência da Anvisa; da Gerência-Geral de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados e de Tecnologia em Serviços de Saúde. Também comporão o grupo duas assessorias: uma responsável pela comunicação e outra ligada ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
Agência Brasil