Prefeitos Marco Antônio Lage e Raimundo Nonato Barcelos “Nozinho” articulam parceria com recursos das prefeituras e da Vale para fazer funcionar hospital em São Gonçalo do Rio Abaixo.
Itabira e São Gonçalo do Rio Abaixo conversam para implantar, em conjunto, um “hospital de retaguarda” exclusivo para atendimento de pacientes com a Covid-19. Os municípios, segundo Marco Antonio Lage (PSB) contam com a parceria da Vale e a consultoria da equipe de especialistas do Hospital Israelita Albert Einsten.
Segundo apuramos a parceria da Vale foi disponibilizada para resolver o problema em Itabira, onde a mineradora contratou inúmeras empreiteiras, com centenas de trabalhadores vindos de toda parte do país. Ela criou um problema para a saúde pública local com a superlotação da cidade, causando um colapso do sistema. Perguntamos através de mensagem no WhatsApp para os vereadores de Itabira o que acham da ideia. Alguns não receberam a mensagem, a maioria receberam mas não responderam e apenas dois deram respostas.
O vereador Sidney Marques Vitalino Guimarães (PTB) Sidney do Salão, até divulgou em suas redes sociais um post “eu apoio hospital de campanha aqui em Itabira”. Ontem (25) o vereador falou a um programa de rádio da cidade sobre a postagem. Entramos em contato e pedimos a sua opinião sobre o tema. O vereador acha que é o momento de ampliar leitos com mais um hospital: “O governo passado decidiu não fazer o hospital de campanha, investindo recursos nos dois hospitais ampliando leitos de enfermaria e de UTI. Mas do final de janeiro pra cá tudo mudou. A Pandemia vem se agravando. Chegamos já em 08 de março com as coisas fora de controle. Então temos que rever todas as ações e retomar alguns projetos em ampliação de leitos e atendimento.”
Sobre o “hospital de retaguarda” na cidade de São Gonçalo ele tem opinião contrária: “Criar leitos em hospital de São Gonçalo, aí está fora de mão para o itabirano. Nossa estrutura não comporta esse atendimento lá. Não tem transporte para isso. Pensa uma pessoa passando mal no bairro Pedreira e tendo que se deslocar pra São Gonçalo. São mais de 50 Km,” explicou o vereador.
Ele acha que a vale tem que fazer investimentos aqui na cidade e não em cidade da região: “Outra coisa, sou bairrista, se a Vale quer ajudar, o investimento tem que ser aqui. É aqui que ela está com obra e com mais de 2000 pessoas de fora utilizado nossa estrutura de saúde. É aqui a exploração mineral. Também o que investir agora, certamente ficará para o futuro,
porque não acredito que isso passe. Sempre teremos sequelas a serem atendidas,” disse Sidney.
Para ele o embrião do hospital já existe na cidade em vários locais: “O prédio ao lado do Carlos Chagas, na Mata do Intelecto, está desocupado e hoje é onde funciona a central do Covid em ITABIRA. Temos uma policlínica enorme e bem equipada que pode também ser utilizada. Temos quase 30 PSFs nos bairros. Esse investimento tem que ser mais perto do itabirano, de fácil acesso.” Esclareceu deixando sua opinião sobre o hospital da cidade vizinha “O hospital de São Gonçalo tem que ser projeto deles lá. Se em mais de 10 anos que o hospital foi construído ele não foi utilizado, é sinal que não tem demanda lá.”
Sebastião Ferreira Leite “Tãozinho” (Patriota) apresentou na reunião ordinária da ultima terça-feira uma indicação, onde ele reivindicou a implantação de um hospital de campanha em Itabira, sugerindo a que a instalação fosse na estrutura no Ginásio Poliesportivo Maestro Silvério Faustino, no Centro da cidade, para facilitar local de fácil acesso dos itabiranos.
Não falaram sobre o tema:
A vereadora Rosilene Félix Guimarães (MDB), que é vice presidente da Câmara de Itabira disse que só vai falar sobre o tema após obter esclarecimentos que solicitou à secretaria municipal de Saúde. Segundo informações da assessoria de Comunicação do Legislativo ela solicitou um estudo e discussão para verificar a viabilidade de “tratamento precoce” na rede pública. Além disso, solicitou saber qual a contribuição da Vale no enfrentamento da pandemia em Itabira. “A empresa está em pleno funcionamento e trás trabalhadores de fora para atuar em Itabira. O que torna-se uma porta aberta para a contaminação”, frisou.
O presidente do Legislativo, Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB) não respondeu ao nosso questionamento. A assessoria de Comunicação enviou informações dizendo que em ofício encaminhado à Secretaria Municipal de Saúde, o vereador questiona o recebimento e a aplicação de recursos oriundos das três esferas de governo – municipal, estadual e federal – e os gastos a partir dessas verbas públicas desde o início da pandemia na cidade. Em suas redes sociais ele disse: “Também solicitei informações sobre porquê do fechamento do hospital de campanha. E se o governo atual estará viabilizando e buscando parceria para instalar o hospital de campanha.”
O vereador Bernardo de Souza Rosa (Avante), preside comissão especial parlamentar para assuntos relacionados ao coronavírus da Câmara Municipal de Itabira, que tem como membros José Júlio Rodrigues “Combem” (PP – relator) e Carlos Henrique de Oliveira (PDT – vogal). Ele não respondeu ao nosso questionamento e a Câmara enviou release informando que eles estão acompanhando a vacinação de idosos no Drive-Thru no estacionamento da Funcesi. “Estamos participando de todas as tratativas e protocolos no combate à Covid-19. Temos nos inteirado de todas as ações tomadas por parte do município e pretendemos trabalhar com bastante transparência sobre isso”, destacou Bernardo Rosa.
Segundo Marco Antônio falou em sua Live de 23/03, o projeto desenhado é para a abertura de até 50 novos leitos que possam minimizar a demanda regional por unidades de atendimento exclusivas de Covid-19. Ele só não explicou como ficará o transporte emergencial até a cidade que fica a cerca de 50 km do centro de Itabira. Atualmente o SAMU não dá conta das demandas e não há ambulâncias suficientes.
Referência regional, Itabira tem hoje seu sistema de saúde colapsado com agravamento da pandemia. Boletim desta terça-feira (23) aponta que 100% dos leitos de UTI e enfermaria voltados para combate à pandemia estão ocupados.
“A situação é gravíssima e pede urgência. Com auxílio da equipe do Albert Einstein enxergamos essa oportunidade de parceria com São Gonçalo. Estamos contando com o apoio da Vale e nosso intuito é de que isso saia do papel com urgência urgentíssima. O sistema está em colapso e precisamos aumentar a oferta de tratamento para esses pacientes”, declarou o prefeito Marco Antônio Lage.
Marco Antônio disse que o modelo de funcionamento do “hospital de retaguarda” está sendo construído pelas secretarias de Saúde de Itabira e São Gonçalo do Rio Abaixo, com auxílio dos consultores do Albert Einstein e investimentos em mão de obra pela empresa Vale.
Prefeito de Itabira não faz hospital de campanha na cidade e quer investir em hospital São Gonçalo
