Com um discurso totalmente vexatório aos pretos e pobres, o prefeito tentou explicar a recusa de um investimento de mais de R$25 milhões de reais, feito pela Vale, na construção de um novo presídio. Uma geração de mais de 300 empregos diretos, cerca de 500 empregos indiretos, com consumo no comércio local, gerando movimentação econômica incalculável.
O prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB) através de suas redes sociais, durante a Live semanal, na última quinta-feira (1º), tentou amenizar o impacto da desastrosa atitude antissocial, de recusar a construção de um novo presídio na cidade, fato já acordado entre o Município, Ministério Público (MP), Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SEJUSP), como compensação pela desativação do presídio existente na cidade, em função de possível inundação, com eventual rompimento da barragem do Itabiruçu. Um custo de aproximadamente R$ 25 milhões para a mineradora.
Ele desqualificou dezenas de profissionais que atuam no Sistema Prisional, desde auxiliares administrativos, a enfermeiros, dentistas, médicos, advogados entre tantos outros para dizer que empregos gerados não valiam a pena. Sem saber que os presos cuidam da parte de serviços gerais, disse que “seriam gerados cerca 300 empregos na cidade, que não são tão qualificados”. Ele chamou Policial Penal de “agente carcerário”. Falou de forma vexatória de “preto e pobre” deixando um desconforto, afirmando que os pretos são a grande maça criminosa do Brasil, ocupando 90% das vagas dos presídios.
Há menos de quinze dias a cidade se comoveu com o ato de injúria racial e racismo cometido contra o vereador José Júlio Rodrigues “Combem” (PP), por um internauta no facebook, Veja a matéria AQUI.
Uma avalanche de manifestações surgiram na cidade no último sábado.
Trechos da fala do prefeito, que tem sua origem como filho de um milionário fazendeiro, e esse fazendo jus a sua origem “em berço de ouro”, num incorporar de “um coronelismo feudal”, atacando a massa sofrida da sociedade, definindo comunidades como “bolsão de miséria”, e pretos, como “massa de manobra do crime organizado”, se espalhou pelas redes sociais.
No sábado, 3 de julho, o Brasil celebrou o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial. Nessa data, em 1951, o Congresso Nacional aprovou a Lei 1.390, mais conhecida como Lei Afonso Arinos, proposta pelo jurista, político e escritor mineiro e que estabeleceu como contravenção penal qualquer prática resultante de preconceito por raça ou cor. Foi a primeira lei contra o racismo no País.
A fala de Marco António não ficou apenas em manifestações locais. Movimentos populares se organizam para um ação contra o prefeito de forma oficial, com representação no Ministério Público, denúncia à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e Câmara dos Deputados, alegando como “discurso de racismo incitação ao ódio”.
Os trechos abaixo, são parte integrantes da Live do prefeito de 01 de julho.
A expressão do prefeito ao falar dos pretos é criticada em dezenas de grupos de WhatsApp:
Prefeito usa reportagem do “Profissão Repórter” com o Jornalista Caco Barcelos, exibida em novembro de 2015, sobre o Presido Central de Porto Alegre para apresentar dados sobre pretos.
Em tempo de exaustão mineral, Itabira abre mão de mais de 300 empregos diretos, sem falar em inúmeros benefícios para o comércio local, onde só refeições diárias seriam mais de 4 mil.
Segundo dados do SEJUSP, Itabira já abrigou uma lotação de mais de 400 presos, sendo menos de 150 os moradores da cidade. Nem por isso os familiares dos demais migraram para cá.
Marco Antônio chama familiares de presos como “bolsão de miséria”:
ENQUANTO NÃO TIRAM DO AR, ASSISTA A Live completa aqui: CLIQUE
Veja a comunicação da perda do presidio:
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