Vídeos mostram afegãos tentando entrar em aviões para deixar o Afeganistão um dia após o Talibã tomar o poder. Tropas americanas assumiram o controle do local para conter a multidão.
Milhares de pessoas invadiram a pista no aeroporto internacional de Cabul nesta segunda-feira (16) e multidões tentaram entrar em aviões para deixar o Afeganistão, agora dominado pelo Talibã.
Desespero e caos em Cabul. Os EUA passaram 20 anos no país, em mais uma intervenção imperialista, cujo resultado é um verdadeiro desastre para milhões de afegãos https://t.co/2hTq44aPLu pic.twitter.com/RNU4y2HQH3
— Estado de Minas (@em_com) August 16, 2021
Vídeos mostram centenas de pessoas tentando invadir aeronaves paradas e subindo em um avião da força aérea americana que estava prestes a decolar:
Um vídeo gravado no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, viralizou nesta segunda-feira, 16. É possível ver pessoas pendurando-se em um avião de transporte C-17, da Força Aérea dos EUA: https://t.co/WbH5kCNQZM pic.twitter.com/2oqhM3orER
— O POVO (@opovo) August 16, 2021
Tiros foram disparados, e o tumulto deixou mortos. Todos os voos comerciais foram cancelados.
O número de vítimas não foi confirmado. O jornal americano “The Wall Street Journal” diz que três pessoas foram mortas por armas de fogo e a agência de notícias Reuters fala em cinco óbitos.
A Reuters não diz se as vítimas foram atingidas por disparos de armas de fogo ou pisoteadas durante a confusão. Não está claro se os tiros foram disparados contra pessoas ou para o alto.
As pessoas estão tentando deixar o país após o Talibã tomar a capital Cabul e voltar ao poder depois de 20 anos. O presidente fugiu do Afeganistão e o palácio presidencial foi tomado no domingo (15).
O porta-voz do Talibã, Mohammad Naeem, afirmou à rede de televisão Al Jazeera que “alcançamos o que buscávamos, que é a liberdade do nosso país e a independência do nosso povo”.
“Pedimos a todos os países e entidades que se reúnam conosco para resolver quaisquer questões”, disse Naeem. “Não achamos que as forças estrangeiras irão repetir sua experiência fracassada no Afeganistão mais uma vez”.
Invasão e saída do Afeganistão
Os EUA atacaram o Afeganistão em 2001, em reação ao atentado do 11 de Setembro, e tirou o grupo extremista do poder. O Talibã foi acusado pelos americanos de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pelo atentado.
Em fevereiro de 2020, o então presidente americano, Donald Trump, assinou acordo de paz com o Talibã que previa a retirada total das tropas do país até abril deste ano. O atual presidente dos EUA, Joe Biden, manteve o acordo e adiou a saída completa para o fim deste mês.
A maior parte das forças lideradas pelos EUA deixaram o Afeganistão em julho, e o Talibã se aproveitou da retirada e avançou rapidamente pelo país, conquistando diversas capitais de províncias desde o início do mês.
A queda de Cabul ocorreu muito antes do previsto pelos EUA. Segundo a Reuters, a estimativa dos serviços de inteligência americanos era de que o Talibã chegasse a Cabul em setembro, com uma possível tomada do poder em novembro.
Situação no aeroporto
Durante o tumulto no aeroporto internacional de Cabul, tropas dos EUA que ajudavam cidadãos americanos a embarcarem dispararam tiros e assumiram o controle do local.
Um oficial americano afirmou à Reuters que “a multidão estava fora de controle” e os disparos foram feitos “apenas para neutralizar o caos”.
A autoridade de aviação do Afeganistão disse que o espaço aéreo do país foi “liberado para os militares” e aconselhou as companhias aéreas a evitarem seu espaço aéreo, o que levou as principais companhias aéreas a desviar os voos após a tomada de Cabul pelo Talibã.
Os EUA interromperam temporariamente os voos de evacuação, segundo a Reuters, para retirar as pessoas que invadiram a pista do aeroporto internacional. Não foi informado quanto tempo a pausa vai durar.
O vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jon Finer, afirmou que o país vai se concentrar em proteger o local e enviar reforços.
Mais de 60 países, incluindo EUA, Alemanha, Japão e França, publicaram um comunicado no domingo (15) em que fazem um apelo para que cidadãos afegãos e estrangeiros tenham permissão para deixar o Afeganistão em segurança.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou em uma reunião a portas fechadas que o país precisa evacuar com urgência cerca de 10 mil pessoas sob sua responsabilidade, segundo a Reuters.
“Estamos testemunhando tempos difíceis”, teria dito Merkel a colegas de seu partido, o Democrata Cristão. “Agora devemos nos concentrar na missão de resgate.” .
EUA emitem declaração com 60 nações sobre a situação no Afeganistão