Pastores e cantores de vários ministérios se juntaram à manifestação em prol da democracia em suas capitais.
Na última terça-feira, feriado de 7 de setembro, diversos líderes cristãos foram às ruas para defender a democracia e a liberdade de expressão da pátria. Nomes como os pastores Silas Malafaia, Cláudio Duarte, Abe Huber, Magno Malta e René Terra Nova, os apóstolos Estevam Hernandes e Rina, marcaram presença na Avenida Paulista, em São Paulo.
A cantora Eyshila e seu marido, o pastor Odilon Santos, e Danielle Cristina, com seu marido também pastor, Cristian Oliveira, registraram o momento em que se uniam com milhares de brasileiros que cobriam cerca de 14 quarteirões na Avenida Paulista. O cantor Isaías Saad e sua esposa Vitória Eisfeld, também se vestiram de verde e amarelo pelo Brasil. “7 de setembro de 2021 (dia histórico) pela família, pela liberdade de expressão, pela pátria e pela democracia!”, postou Isaías em sua rede social.
O grupo capitaneado pelo pastor Silas Malafaia e sua esposa, a pastora Elizete, acabou seguindo aquele caminho para chegar ao Demolidor, trio elétrico que concentrou os principais discursos do ato bolsonarista de 7 de Setembro em São Paulo.
Recalcular a rota foi fundamental para que alguns dos líderes evangélicos com maior expressão nacional pudessem marchar com todos os presidentes eleitos desde a redemocratização: Fernando Collor, FHC, Lula, Dilma e, agora, Bolsonaro.
Parlamentares com quilometragem para ver um mesmo pastor modular seu discurso ao sabor do governante da vez apontam que a pecha do fisiologismo já escoltava a primeira bancada evangélica do Congresso, na Constituinte de 1987-1988.
Quando essa cúpula pastoral escuda o atual mandatário em sua sanha contra o STF (Supremo Tribunal Federal), aproxima-se do ponto de não retorno –quando não há pirueta retórica que dê conta de uma reconciliação com forças de esquerda e centro-esquerda, caso elas saiam vitoriosas das eleições de 2022.
O ex-presidente Lula (PT) não fala sobre isso publicamente, mas gostaria de reconstruir pontes com pastores que já o apoiaram e têm uma ascendência considerável sobre um segmento tão pulverizado quanto o evangélico, com suas milhares de igrejas espraiadas pelo país.
Na falta de uma hierarquia vertical que sirva de ordem de comando, muitos pastores de pequeno e médio porte veem nesses líderes graúdos uma referência intelectual e espiritual.
Vencer uma eleição, como o provável presidenciável petista certamente quer em 2022, será uma missão mais ingrata se nenhuma das grandes lideranças religiosas que fecharam com Bolsonaro em 2018 voltar atrás.
Com o Brasil metido numa Guernica ideológica, hoje parece até fake news dizer que Malafaia já apareceu na propaganda eleitoral de Lula, ou que o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP) tratou Lula, então de saída do Planalto, como uma figura “messiânica” que “desperta a esperança no coração do povo”.
A marcha à ré para justificar a adesão ao bolsonarismo é replicada por todos: os pastores se dizem enganados pelo PT, que teria se esborrachado com eles não só por se revelar corrupto, mas também por intensificar a defesa de pautas identitárias -espinho eleitoral menos sobressalente nos anos Lula, mas que ganhou tração na última década.
Ainda há chão para 2022, claro. Lula já conseguiu um retrato com Manoel Ferreira, bispo primaz do Ministério Madureira, um dos ramos mais poderosos da Assembleia de Deus.
Tudo bem que falta combinar com os filhos do quase nonagenário Manoel, sobretudo Samuel, o líder de fato da denominação hoje. Mas já é um começo.
Petistas também nutrem esperança de voltar às boas com a Igreja Universal do Reino de Deus, que já deu sinais de insatisfação com o atual governo, que para ela não se empenha o bastante para reverter a crise que envolve suas filiais em Angola e autoridades locais.
Sempre há um jeitinho para reconfigurar o GPS eleitoral. Mas a decisão de sair na foto, num ato que desde o começo foi tratado como termômetro histórico para o bolsonarismo, mostra que parte considerável da elite pastoral brasileira, assim como o presidente, também partiu para o tudo ou nada.
Mais pastores deram as caras na manifestação
Na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, estiveram o pastor Josué Valandro Jr, o cantor Waguinho, a cantora Jozyanne com a esposa, o pastor Odilton Ângelo, a cantora Léa Mendonça com o esposo, o pastor Sérgio Andrade e muitos outros líderes e brasileiros.
“Praia de Copacabana. Lotada pela liberdade de opinião, de religião, de expressão, de voto limpo auditável! Pelo respeito entre os poderes e à Constituição Federal!” Postou o pastor Josué Valandro Jr.
Os pastores Talitha Pereira e Arthur Pereira, da Igreja Deus do Amor, também mostraram o seu apoio à nação e compareceram às manifestações de verde e amarelo.
Em Minas Gerais
O pastor Jorge Linhares, vítima de censura da liberdade de opinião, juntamente com o pastor Jabes Alencar, e os pastores Lucinho Barreto e Paty Barreto, participaram das manifestações em Belo Horizonte junto com centenas de pastores do interior de Minas.
Em Itabira foram centenas de evangélicos que se reuniram no feriado na avenida João Pinheiro para um Culto de Oração, que se estendeu ao logo da avenida. Várias denominações se fizeram representadas pelos seus líderes que oravam pela cidade, pelo estado e país. Bandeiras do Brasil e também manifestantes com camisas amarelas davam cor ao cenário de patriotismo.
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