A fibromialgia é uma doença com inúmeros sintomas e, por isso, é considerada uma enfermidade de difícil diagnóstico, justamente por ter características semelhantes à de outras doenças. O paciente que a possui pode apresentar dor generalizada, às vezes intensa; sensibilidade dos músculos, áreas ao redor de tendões e tecidos moles; rigidez muscular; fadiga; confusão mental; transtorno do sono; entre outros sintomas somáticos. O anestesiologista do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), Márcio Antônio Fialho, explica ainda que “a síndrome pode apresentar sintomas físicos, emocionais, sociais e espirituais”.
“Não existem causas específicas, mas alguns artigos defendem relação com a hereditariedade, depressão e, até mesmo, com algum trauma psicológico vivido ao longo da vida, inclusive na infância. A fibromialgia pode apresentar também sintomas como cansaço, baixa resistência física, irritabilidade, insônia, sono não reparador, esquecimento, depressão, ansiedade, síndrome do cólon irritável e o pior deles: a dor crônica”, afirma o médico.
A Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor (SBED) divulgou, em 2022, que pelo menos 3% da população brasileira sofre com dores físicas intensas e incapacitantes da fibromialgia, além de outros sintomas.
Márcio Fialho conta que em aproximadamente 90% dos casos diagnosticados há maior incidência em pessoas do sexo feminino. “É mais comum no sexo feminino, numa proporção de oito a nove mulheres para um a dois homens. Mais comum entre 30 e 60 anos, mas pode acometer pacientes mais jovens”, relata.
O diagnóstico é eminentemente clínico, conforme explica o anestesiologista do HNSD: “Os exames laboratoriais e de imagem auxiliam a afastar uma relação de causa e efeito, tendo em vista que nesta síndrome não há lesão e ou processo inflamatório. Além dos problemas emocionais, verdadeiramente o paciente vai ao médico em função do quadro álgico. Há relato de dor crônica generalizada com acometimento de vários pontos, incluindo músculos, bursas e tendões espalhadas em diferentes partes do corpo”.
Tratamento – Márcio Fialho explica que o tratamento da fibromialgia é multimodal interdisciplinar e, se possível, intradisciplinar. Inclui uma terapêutica farmacológica e não farmacológica. Consiste em lançar mão de atividades físicas, musicoterapia, atividades artísticas como teatro e pinturas, massoterapia, educação alimentar, acupuntura e educação.
“No arsenal farmacológico incluímos antidepressivos como os duais e tricíclicos, gabapentinoides como pregabalina e gabapentina, além de relaxantes musculares, bloqueios venosos utilizando quetamina e lidocaína e o óleo de cannabis medicinal”, enumera o médico.
Como se trata de uma síndrome que envolve toda a esfera existencial do paciente, ele pode ser prejudicado em vários aspectos, como no trabalho, trazendo problemas financeiros, e nos sistemas de saúde, sobrecarregando-os.
“A melhor forma de amenizar este problema seria educação médica e implantação de um centro de tratamento de dor crônica, onde esses pacientes seriam tratados de forma personalizada”, conclui o médico.
Foto: Arquivo/Pessoal