*Conteúdo sensível: violência extrema

Ataques a comunidades no Leste da República Democrática do Congo continuam a devastar comunidades cristãs na África. Parceiros locais da Porta Abertas disseram que uma onda de ataques no início de junho causou a morte de 80 cristãos na província de Kivu do Norte.  O país está na 41ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2024, que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.

Durante o ataque, militantes do grupo Forças Democráticas Aliadas (ADF, da sigla em inglês) assassinaram 16 cristãos no vilarejo de Masau e incendiaram oito casas. Muitas pessoas foram declaradas desaparecidas neste incidente e muitos outros o sucederam.

O governo da República Democrática do Congo organizou uma operação de segurança no território de Beni, mas não tem sido suficiente para controlar a situação. Apesar disso, as autoridades expressaram sua compaixão pelas vítimas feridas e mortas e asseguraram sua determinação em acompanhar as famílias enlutadas para oferecer o suporte de que precisam.

“Precisamos de oração”

Um líder cristão local compartilhou que em Magina foi tomada por uma atmosfera de medo. O ataque mais letal aconteceu no dia 7 de junho. “As ADF queimaram mais de 50 cristãos até a morte em suas casas. Eram tantos corpos que o veículo não tinha espaço suficiente para todos”, disse o pastor Kambale Aristote da igreja CECA20.

As vítimas estavam trabalhando no campo quando ataque aconteceu. Os militantes vieram com facões e armas e depois foram ao vilarejo e incendiaram tudo. No dia seguinte (8), outros 13 cristãos foram mortos em outro ataque surpresa. Alguns dias depois, os militantes da ADF foram para o vilarejo Masuku e queimaram muitas casas. Os dois filhos do pastor Kitsa foram mortos nesse incidente.

A taxa de ataques a cristãos na República Democrática do Congo continua crescendo, assim como o número de deslocados internos. Muitas igrejas foram fechadas e os cristãos estão preocupados porque chegou o tempo da colheita, quando passam mais tempo no campo para conseguir sustentar as famílias durante o ano.

“Precisamos de oração, nada mais que a oração. Entendemos que o objetivo das ADF é converter todos ao islã. É um nível de perseguição muito alto. Pedimos que todos os cristãos orem por nós”, disse o pastor Kambale. Esse é também o pedido de milhares de cristãos na África Subsaariana.

A perseguição a cristãos na RDC

Cristãos que vivem na parte oriental do país correm muitos riscos. A região é lar de mais de cem grupos armados, alguns deles têm como alvo especifiamente os seguidores de Jesus. Isso deixa cristãos e igrejas nessa parte do país vulneráveis a ataques, incluindo mortes, sequestros e violência sexual. Líderes de igreja que falam contra a violência colocam um alvo em suas costas, tornando difícil falar contra as atrocidades. A violência levou a crises de deslocados que deixam para trás suas vilas, casas, plantações para procurar locais mais seguros no país. Muitos desses deslocados são cristãos, fugindo de ataques e da violência.

Em partes do país dominadas por outras fés, convertidos do islamismo e religiões nativas podem ser pressionados a participar de cerimônias e atividades religiosas não cristãs, além dos desafios que as minorias religiosas enfrentam na área. Alguns líderes de igrejas que falam contra a corrupção e a violência relataram incidentes de assédio verbal e interferência como consequência de seu apoio à causa.

Segundo dados da pesquisa realizada anualmente pela Portas Abertas, o continente africano é o mais violento contra os cristãos no mundo. A Nigéria foi responsável por 82% das execuções, chegando ao total de 4.118 cristãos mortos. Outros países do continente também contribuíram para o número total de cristãos assassinados. Dentre os dez países que mais mataram cristãos, seis são africanos: República Democrática do Congo, Uganda, Burkina Faso, Camarões e República Centro-Africana, além da Nigéria.

Entenda como a perseguição violenta atingue os cristãos ao redor do mundo

Socorro para cristãos atacados 

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Regina Andrade