O incidente foi resultado da perseguição a cristãos em Bangladesh
No dia 5 de agosto, há pouco mais de um mês, a ex primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, resignou o cargo depois de protestos estudantis que se tornaram violentos. A ausência da primeira-ministra causou uma grande instabilidade no país.
Foram dias sem lei, cheio de incertezas e pânico para a população. Muitos grupos radicais islâmicos também aproveitaram a falta de segurança para atacar, saquear e perseguir minorias, como cristãos. Salma e sua família foram vítimas da violência extrema.
Perseguição a cristãos em Bangladesh
Os cristãos de origem muçulmana, hindu, budista ou animista enfrentam as mais severas restrições, discriminações e ataques no país. As crenças religiosas estão ligadas à identidade da comunidade, e deixar de segui-las é interpretado como traição.
Os convertidos em Bangladesh se reúnem em pequenas igrejas domésticas, pois correm o risco de serem atacados. Quaisquer igrejas que evangelizem e trabalhem com muçulmanos enfrentam perseguição, como ameaças de morte e ataques.
Os cristãos tribais enfrentam dupla vulnerabilidade, por serem de minoria étnica e por serem seguidores de Jesus. Eles lutam para não perderem suas terras e enfrentam violência. Um exemplo foi o assassinato de oito cristãos tribais em abril de 2023, na região de Chittagong Hill Tracts, Sudeste do país.
Os cristãos da etnia rohingya, de maioria muçulmana, enfrentam assédio e forte pressão da comunidade, mesmo os que vivem em campos de refugiados.
Bangladesh ocupa a 26ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2024, que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.
Um testemunho da provisão de Deus
Salma, uma cristã de origem muçulmana em Bangladesh, vive com a mãe, de 75 anos, e a filha, de 14 anos. Ela foi abandonada pelo marido, que tem vício em drogas, e enfrentou incontáveis dificuldades, mas a fé dela em Cristo permanece inabalável.
Ela conheceu a Jesus há 19 anos por meio do testemunho do irmão. Mas, depois que aceitou a Jesus, ela e a família foram obrigados a fugir do vilarejo onde moravam por causa da insegurança. Mas assim que descobriam que ela era cristã, os vilarejos onde ela buscava refúgio se tornavam locais de agressão verbal, especialmente de grupos radicais.
Na noite do dia 5 de agosto, pouco depois da resignação da primeira-ministra, os extremistas começaram a atacar. O irmão de Salma a orientou a fugir do vilarejo para sua segurança. Apesar do conselho, Salma hesitou e o medo de perder a casa que ela construiu com tanto amor, com a graça de Deus, foi maior que o medo da perseguição.
O lar era um testemunho do trabalho duro e da provisão na vida dela e da família. Ela disse ao irmão “não fiz mal algum a essas pessoas, por que eles me atacariam?”
Mas, prestes à meia noite, o som do caos encheu Salma de terror. Um grupo de extremistas, pessoas que ela nunca tinha visto antes, estava se aproximando se sua casa. Ao perceber o perigo inevitável, ela correu com a mãe para fugir de casa, em busca de um abrigo.
Em busca de refúgio
A esperança delas era que um vizinho, que tinha um triciclo, as ajudasse. Mas as expectativas foram frustradas. Ele se recusou a levá-las. Sem opções, Salma e a mãe se esconderam na floresta mais próxima. A cristã deixou a filha com seu irmão e se encontram no esconderijo. Ali, eles conseguiam ver seus piores medos deles se tornando realidade.
Os extremistas invadiram a casa e destruíram tudo, até mesmo os livros escolares da filha de Salma. Durante duas longas horas, Salma e a mãe ficaram com medo, sem esperança, clamando a Deus por proteção. Quando os radicais finalmente partiram, não restou nada na casa. A cristã foi com a mãe para a casa de uma tia. Apesar de fisicamente bem, as duas estavam traumatizadas pela noite aterrorizante.
Quando pararam para pensar em tudo que aconteceu, a mãe de Salma encontrou consolo na história de Jó. Ela disse “Conheci a história de Jó, que passou por um imenso sofrimento e perdas, mas permaneceu firme, confiando em Deus. Talvez também estejamos sendo testadas. Orem por nós para que permaneçamos firmes como Jó nesse momento difícil de nossa vida”.
Salma e outros cristãos perseguidos em Bangladesh estão sendo assistidos com alimentos e outros itens de ajuda emergencial. Isso é possível graças à generosidade dos parceiros brasileiros que fazem a diferença nesse momento desafiador. Contamos com suas orações por Salma e todos os nossos irmãos na fé afetados pela crise em Bangladesh há pouco mais de um mês.
Ajuda para quem mais precisa
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