Escolha foi definida durante a reunião realizada nesta nesta quinta-feira (19) à tarde
“Hoje, no Dia Nacional do Teatro, eu gostaria de dizer que muitas prefeituras oferecem apenas entretenimento: são shows caríssimos, com praça de alimentação caríssima, causando transtornos e deixando a cultura em segundo plano”, expôs Isis Andrade. Ela tem 16 anos e cursa o 1º ano do Ensino Médio.
Percorreu quase 300 quilômetros viajando de Três Pontas (Sul) para Belo Horizonte. O objetivo? Conhecer o Circuito Cultural na Praça da Liberdade e estar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), participando do Parlamento Jovem, defendendo mais acesso às atividades culturais.
Em seu discurso no Auditório José Alencar na tarde desta quinta-feira (19/9/24), Isis mencionou a Rota do Café, a Estrada Real e o Circuito das Águas como exemplos da riqueza turística mineira. Para ela, é necessário investimento estatal para incentivar o setor.
Isis entende que esse estímulo pode desenvolver a diversidade artística, criar oportunidades de trabalho e fonte de renda e, assim, reduzir desigualdades. “Minas Gerais é muito mais que um Estado: é um universo de cultura, tradição e história que continua a fascinar pessoas em todos os lugares. Juntos, podemos fazer de Minas Gerais uma das maiores rotas culturais do mundo”, argumentou.
Além de “Juventude e Direitos Culturais”, que recebeu 136 votos, estavam em votação os temas “Sexualidade e Juventude”, escolhido por 106 estudantes, e “Juventude e Tecnologia”, preferido por 39. Participantes questionaram a responsabilidade do Estado para diminuir casos de gravidez precoce, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e abusos sexuais. Também expressaram temor quanto à falta de conhecimento tecnológico e preparo para o mercado de trabalho no caso de quem estuda em escola pública.
Desafio de chegar ao consenso
Esta é a 20ª edição do Parlamento Jovem (PJ Minas), programa de formação política realizado pela ALMG com o apoio da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas). Na etapa estadual, estão participando 150 estudantes de 133 cidades, que integram a iniciativa por meio das câmaras municipais.
O tema em debate neste ano é “Melhorias no Ensino Escolar”. Lucas Espíndola, de Pará de Minas, lamentou que sua proposta de criar um jornal para incentivar a democratização da gestão escolar não tenha sido aprovada na etapa regional.
Aos 18 anos e cursando o 3º ano, ele identificou a falta de disposição para o diálogo como o principal desafio da participação no Parlamento Jovem. No entanto, garantiu que foi um momento excelente. “Pude desenvolver habilidades que eu gosto e quero aprimorar na faculdade”, avaliou.
Na opinião de Pâmela Paula Brito, de 17 anos, a dificuldade também foi chegar a um consenso. Ela debateu o subtema “Enfrentamento das desigualdades educacionais”. A estudante do 3º ano e moradora de Urucânia (Mata) defendeu que a principal medida para enfrentar o problema é promover iniciativas de engajamento estudantil.
Mesmo assim, compreendeu que não foi fácil lidar com a diversidade. “No nosso grupo de trabalho, cada um tinha uma opinião. A gente demorou para pensar em conjunto. Mas o PJ me deu voz e coragem para falar o que vejo de errado no ambiente escolar”, relatou.
Isis também destacou o desafio de chegar a propostas comuns. “Tínhamos muitas opiniões diferentes, mas gostei bastante da dinâmica de apresentação das sugestões porque pude enxergar de outra perspectiva os temas em discussão”, afirmou.
PJ cria parcerias com UFMG e Politize!
Novidades desta edição foram duas parcerias firmadas com o Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com o Politize!, uma organização filantrópica, dedicada à educação política. Representantes das duas iniciativas realizaram palestras e uma troca de ideias com os coordenadores do PJ sobre as estratégias utilizadas para engajar os jovens na política e na discussão de temas importantes para a sociedade.
No site da Politize!, são discutidos e apresentados, de forma didática, temas sobre política, cidadania e administração pública, entre outros. Todos os participantes são voluntários. Ana Carolina Andrade é mobilizadora e membro da Embaixada Politize! em Belo Horizonte. “A ideia é que depois do projeto de hoje, a gente possa continuar a colaboração com o Parlamento Jovem para que a gente possa atingir cada vez mais pessoas”, explicou Ana Carolina.
Sobre o PJ Minas, ela disse considerá-lo um programa incrível. “O que a gente deseja é que ele possa se fortalecer cada vez mais e que esses jovens possam sair conscientes da responsabilidade, da contribuição que eles fazem e também da capacidade de transformação no município, no nosso Estado e do Brasil”, afirmou.
Entre os coordenadores do PJ que disseram já ter participado e utilizado os recursos do Politize!, Marcos Fernandes, de Nova Ponte (Triângulo), elogiou de forma especial a oficina sobre comunicação não violenta oferecida pela entidade, trabalho que ele próprio utilizou na mobilização dos estudantes em seu município.
Quem representou o Observatório da Juventude foi a professora Shirlei Sales, da Faculdade de Educação da UFMG. Ela explicou que o Observatório é um grupo de ensino, pesquisa e extensão que atua há mais de 20 anos. Dentro dessa iniciativa, Shirlei também estuda as recentes mudanças estruturais que resultaram no Novo Ensino Médio. Ela falou aos coordenadores principalmente sobre as características da cultura juvenil, assunto relacionado ao tema escolhido para o PJ 2025.