No Dia Mundial da Doação de Leite Humano, Fhemig reforça importância do alimento
“Leite materno é como amor: quanto mais se doa, mais se tem”. A frase da representante comercial Vanessa Mascarenhas da Silva expressa bem o que muitas mães vivenciam ao se tornarem doadoras. Nesta quarta-feira (19/5) é comemorado o Dia Mundial de Doação de Leite Humano. A data tem objetivo de garantir a proteção e a promoção do aleitamento materno, e sensibilizar a sociedade para a importância da doação.
“Minha bebê, Helena, nasceu em janeiro e, graças à indicação de uma amiga, comecei a doar”, ressalta Vanessa, que, desde março, contribui semanalmente para o Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Odete Valadares (MOV). Mesmo já familiarizada com o procedimento, ela destaca que a equipe do BLH/MOV foi essencial para tirar dúvidas. “Entraram em contato comigo e me passaram todas as informações. Mandaram o material completo e esterilizado, tudo embaladinho. E na mesma semana já vieram buscar o meu leite”, lembra.
A representante comercial conta que se sensibilizou com a notícia de que a pandemia impactou as doações. “Até aumentei a quantidade quando soube que os estoques estavam mais baixos por conta da covid-19. Toda semana, retiro de dois a três frascos de leite para doar. Não prejudica em nada a amamentação da minha filha. Helena mama exclusivamente no peito, é muito saudável e, com quase quatro meses, pesa mais de 6 quilos”, relata.
Importância da doação
Com 34 anos de atuação, o Banco de Leite Humano da Maternidade Odete Valadares é referência em Minas Gerais. Responsável por cursos de manejo clínico do aleitamento materno e por monitoramento e assessoria técnica de todos os BLHs e postos de coleta do estado, realiza também captação de doadoras, coleta, processamento, controle de qualidade e distribuição de leite humano pasteurizado, além de atendimento pediátrico, psicológico e nutricional.
A coordenadora do BLH/MOV, Maria Hercília Barbosa, ressalta a importância do leite materno para todos os bebês – especialmente para os doentes ou prematuros, em unidades de terapia intensiva e de cuidados intermediários neonatais. “Entre tantos outros benefícios, o leite fornece anticorpos necessários para o fortalecimento do sistema imunológico dos recém-nascidos, protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias e também diminui o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. Funciona como uma vacina para essas crianças internadas e que, por algum motivo, não podem ser amamentadas”, explica.
Hercília garante que todo o processo de doação é muito seguro e deve ser estimulado, mesmo em tempos de pandemia. “Temos a RDC 171 de 2006, que regulamenta o funcionamento dos bancos de leite humano em todo o país e é rigorosa em relação ao controle de qualidade. Toda mãe saudável e que possua exames de pré-natal negativos pode ser doadora. Importante ressaltar que a mulher que tenha contraído covid-19 e já tenha se recuperado, passado o período de isolamento de 15 dias, pode doar seu leite sem problemas”, afirma.
O cadastro para doação pode ser realizado pelos telefones (31) 3337-5678 ou 3298-6008.
Dificuldades superadas
A atendente e estudante de Enfermagem Ana Luísa Ferreira Soares teve seu primeiro filho, Murilo, no dia 19/3/2021 e relata os desafios vividos na amamentação. “Ele não conseguia pegar o peito e, na maternidade, precisou se alimentar com fórmula, pois sua glicemia estava baixa. Tive ajuda de vários profissionais ainda no hospital, mas, mesmo assim, não saí de lá segura”, conta.
Ana Luísa procurou ajuda na Casa da Gestante do Hospital Júlia Kubitschek (HJK). “Lá fui recebida e acolhida de uma forma surpreendente. Em uma semana, indo todos os dias, o Murilo conseguiu alcançar a pega correta e retiramos o uso do bico de silicone. Nunca desisti, pois sei da importância do leite materno e sempre tive o sonho de amamentar”, lembra.
Superadas as dificuldades iniciais, Ana Luísa tornou-se responsável pela primeira doação do posto de coleta do Júlia Kubitschek, inaugurado no fim do ano passado. “Desde que meu filho nasceu, prometi a mim mesma que ajudaria as pessoas de alguma forma. Hoje, Murilo é amamentado em livre demanda e a minha produção é grande. Comecei a coletar o excedente e, no HJK mesmo, fui orientada sobre o processo de retirada e os cuidados de higiene. Também recebi frascos para fazer a coleta. Semanalmente, retiro cerca de um litro de leite para a doação”, conta.
“Quero encorajar outras mães a serem doadoras, porque o processo é realmente tranquilo. Com o leite que seria desperdiçado em uma fralda de pano, sou capaz de salvar vidas. Desejo que todas tenham essa força e procurem o posto de coleta ou o banco de leite mais próximo para serem bem orientadas, como eu fui. É um ato tão simples e que auxilia tanto. Faço de coração, porque também fui muito ajudada. Quero ver muitas crianças que precisam desse leite vivas e saudáveis no futuro”, conclui Ana Luísa.
Mães com dificuldades no aleitamento ou que desejem se cadastrar como doadoras também podem procurar o posto de coleta do Hospital Júlia Kubitschek pelo telefone (31) 3389-7910.
Programação
Entre 19 e 25/5, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) faz a Semana Estadual de Conscientização da Doação de Leite Humano para debater a temática e divulgar os bancos de leite humano nos estados e municípios brasileiros. Nos dias 21 e 25/5, o BLH/MOV promove uma série de palestras, on-line, abertas ao público geral, com especialistas sobre o assunto. Clique aqui e confira a programação.