Gestores da mineradora explicaram obras de contenção e afirmaram que ainda não há definição sobre o quantitativo de pessoas que poderão ser removidas de suas casas
O prefeito Marco Antônio Lage (PSB) visitou operações da mineradora Vale durante a manhã desta quinta-feira (27). O chefe do Executivo conheceu o Centro de Monitoramento Geotécnico de barragens da empresa, na Mina Conceição, e depois seguiu para o Complexo do Pontal, onde obras são feitas em vista da descaracterização de diques daquele sistema.
Marco Antônio esteve acompanhado dos secretários municipais de Obras, José Maciel Duarte Paiva, de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Denes Lott, e do assessor de Gestão, Programas e Metas, Gabriel Quintão. Também participaram da visita o deputado estadual Bernardo Mucida e os vereadores Juber Madeira e Bernardo Rosa.
A comitiva foi recebida pelo gerente-executivo do Complexo Itabira, Daniel Daher, e pelo gerente de Relações Institucionais da Vale, Gustavo Biscassi. Ainda representaram a empresa o gerente executivo de Geotecnia, Igor Cicolani, e o especialista técnico em Uso Futuro e Fechamento de Minas, Rodrigo Chaves. Gestores da companhia explicaram as movimentações na barragem e afirmaram que ainda não há uma definição a respeito do quantitativo de famílias nos bairros Bela Vista e Nova Vista que poderão ter que ser removidas para a conclusão dos trabalhos.
A visita foi marcada após a Prefeitura manifestar à Vale preocupação com a situação das comunidades vizinhas à barragem, que estão apreensivas com as obras e reclamam de poucas informações por parte da empresa. Marco Antônio defendeu um diálogo mais próximo com os moradores e que todos os detalhes mostrados aos representantes da Prefeitura também sejam repassadas aos cidadãos.
Obras
De acordo com a Vale, a descaracterização no Complexo Pontal envolve os diques 2, 3, 4, 5, Minervino e o Cordão Nova Vista. Essas estruturas foram construídas pelo método a montante e devem ser desativados de acordo com a legislação federal. Segundo representantes da mineradora, a empresa tem discutido com o Ministério Público de Minas Gerais e a empresa de auditoria AECOM a forma mais segura de cumprir a exigência legal.
O processo deverá ser realizado em duas etapas. A primeira é a execução de atividades em áreas operacionais da própria Vale. O reforço do dique 2 já está concluído, e esse mesmo procedimento já é feito no dique 3 e será feito no 4, bem como a completa descaracterização do dique 5. Nesta mesma fase a mineradora pretende implantar uma contenção na região da Lagoa Coqueirinho, o que, segundo a companhia, reduziria consideravelmente a zona de autossalvamento no sentido da região do Laboreaux.
Essa contenção será feita com uma estrutura tubular metálica importada pela empresa do Japão, inédita no Brasil, usada pelas autoridades do país asiático para conter eventos climáticos como tsunamis. O espaço para a implantação do primeiro “muro” já está preparado, mas a Vale ainda aguarda consentimento do Ministério Público para começar a instalação. Nesta etapa, de acordo com o explicado pelos gestores da mineradora, não seria necessário o processo de remoção de famílias.
Segunda etapa
A segunda etapa da obra seria estender toda a estrutura de contenção ao longo dos diques Minervino e Cordão Nova Vista, os mais próximos de moradores nos bairros Nova Vista e Bela Vista. Esse passo, no entanto, ainda está em estudo e a previsão é de que, se autorizado, seja executado a partir de 2022. A empresa confirmou que está sendo considerada a remoção de pessoas e imóveis nesta localidade, mas o quantitativo ainda depende do resultado dessas avaliações.
Após todos esses processos é que seria iniciado o descomissionamento dos diques Minervino e Cordão Nova Vista. Todo o projeto tem previsão de se estender por até 10 anos.
“Esta é a questão mais sensível de todo o processo. É importante ter esse conhecimento técnico, de que está sendo preparado o que há de mais moderno nesta obra que é uma determinação legal. Mas essas informações também precisam chegar à população, especialmente para aqueles que poderão ser impactados com o projeto. A remoção, seja no quantitativo que for, tem que ser feita preservando direitos e da maneira mais correta possível. É um impacto social que acompanharemos de perto, prestando todo auxílio necessário à população”, finaliza o prefeito Marco Antônio Lage.