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sexta-feira, novembro 22, 2024

“Cresci a margem da sociedade e nem por isso sou um criminoso” – afirma Sidney do Salão

O vereador fez um pronunciamento emocionado contra as alegações do prefeito Marco Lage de que não aceitou presídio porque atrai “pretos e pobres” para a cidade.

O prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB) através de suas redes sociais, durante a Live semanal, na última quinta-feira (1º), tentou amenizar o impacto da desastrosa atitude antissocial, de recusar a construção de um novo presídio na cidade, fato já acordado  entre o Município, Ministério Público (MP), Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SEJUSP), como compensação pela desativação do presídio existente na cidade, em função de possível inundação, com eventual rompimento da barragem do Itabiruçu. Um custo de aproximadamente R$ 25 milhões para a mineradora.

Ele desqualificou dezenas de profissionais que atuam no Sistema Prisional, desde auxiliares administrativos, a enfermeiros, dentistas, médicos, advogados entre tantos outros para dizer que empregos gerados não valiam a pena. Sem saber que os presos cuidam da parte de serviços gerais, disse que “seriam gerados cerca 300 empregos na cidade, que não são tão qualificados”. Ele chamou Policial Penal de “agente carcerário”. Falou  de forma vexatória de “preto e pobre” deixando um desconforto, afirmando que os pretos são a grande maça criminosa do Brasil, ocupando 90% das vagas dos presídios.

Há menos de quinze dias a cidade se comoveu com o ato de injúria racial e racismo cometido contra o vereador José Júlio Rodrigues “Combem” (PP), por um internauta no facebook, Veja a matéria AQUI.

O vereador Sidney Marques Vitalino Guimarães, Sidney do Salão (PTB), que não tem pele branca, não nasceu em “berço de ouro”, não gostou da atitude do prefeito e saiu na defesa dos agredidos, lembrando o fato que ocorreu com Júlio do Combem: “Quero falar um pouco de algo que me deixou muito chateado esses dias. Há uma semana, estávamos aqui solidarizando com o nobre colega vereador José Júlio Rodrigues “Júlio do Combem” porque um internauta no facebook, o atacou com palavras de discriminação racial e social. Vimos uma comoção da cidade toda por causa do fato. Pessoas de vários lugares sendo solidárias ao Júlio e repudiando a atitude do internauta.”

Em seguida o vereador Sidney saiu em defesa dos afetados pelas falas de Marco: “Pois bem, hoje, quero ser solidário a todos os itabiranos, pretos e Pobres, que como eu, não nasceram em berço de ouro. Não tiveram um pai milionário, ou um pai fazendeiro, para lhe dar a vida de luxo, com boa escola e viagens pelo mundo a fora. Sou solidário aos pais, filhos, esposas, que se sentiram humilhados, discriminados, com a fala do o Sr. Prefeito de Itabira Marco Antonio Lage em sua live da quinta-feira passada, onde ele afirma por mais de uma vez, que os presídios estão cheios de pretos, porque esses são levados para o mundo do crime por viverem à margem da sociedade.”

Emocionado o vereador fala de seus sentimentos: “Isso doeu muito! Senti profundamente porque sou um negro, cresci a margem da sociedade, e nem por isso sou um criminoso. Mas conheço brancos que cresceram com regalias e que hoje são bandidos e estão na cadeia.”

Sidney lembrou que itabiranos são por natureza pessoas solidárias e receptivas: “Falar de Bolsão de miséria, de que seria pesado para Itabira ter que abrigar familiares de presos em situação de risco social, é como se tivéssemos visto Santa Maria de Itabira debaixo d’água e termos virado as costas para aquele povo. É não ter amor ao próximo, que já sofre por causa do ente que está na prisão e não ter como sobreviver.”

O vereador defendeu os profissionais e também falou de benefícios: “Falar que seriam 300 empregos sem qualificação….
Quantas empresas em Itabira hoje geram 300 empregos? Quantos empregos o prefeito atual gerou? Abrir mão de 300 empregos diretos é chutar a sorte. Desqualificar médicos, dentistas, enfermeiros, advogados, auxiliares administrativos, e tantos que nem me lembro, é um desrespeito com esses profissionais. Gente só de refeição, um presídio com 1200 pessoas, gasta em torno de 3 mil por dia. São 90 mil marmitas por mês. Mais de um milhão por ano. E quem fornecia era uma empresa ali no bairro Amazonas.”

Sidney Marques falou com a alma: “São tantas coisas… Estou revoltado!”

 

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