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segunda-feira, setembro 23, 2024

Presidente da Cemig teria pressionado para mudar licitaçãPresidente da Cemig teria pressionado para mudar licitaçã

 

Denúncia foi feita em depoimento de ex-diretor à CPI da ALMG. Objetivo seria favorecer empresa de secretário de Zema.

atual diretor-presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, teria insistentemente pressionado João Polati Filho, ex-diretor-adjunto de Suprimentos, Logística e Serviços Corporativos da empresa, a “encontrar uma forma” de manter a empresa AeC no call center da companhia energética do Estado, mesmo após ela ter perdido a licitação para o serviço.

A revelação foi feita nesta quinta-feira (23/9/21) pelo ex-diretor, em depoimento como testemunha à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que investiga possíveis irregularidades na gestão e uso político da Cemig. AeC foi fundada pelo então secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico do governador Romeu Zema, Cássio Azevedo, já falecido.

O ex-executivo, que trabalhou na Cemig entre 14 de junho de 2019 e 4 de agosto 2020, ainda confirmou, ao longo de quase cinco horas de depoimento comandado pelo presidente da CPI da Cemig, deputado Cássio Soares (PSD), outras supostas irregularidades advindas do aparelhamento político da empresa, como uma tentativa do Executivo estadual de usar em benefício próprio a verba de publicidade da empresa.

João Polati também confirmou a existência de uma sala, no 18º andar do edifício-sede da companhia, ao lado daquela utilizada pelo diretor-presidente, reservada para o uso do mesmo secretário de Estado. “Todo mundo sabia disso. A sala ficou lá, intocável, ao lado da sala do presidente. Quando alguém fala aqui na CPI que não sabia disso, está mentindo”, afirmou.

internamente na Cemig

“A Ivna inclusive teve contato com os arquitetos que trabalhavam com ela e estavam cuidando de tudo”, afirmou João Polati. A pessoa citada por ele é a atual gerente de Compras de Materiais e Serviços, Ivna de Sá Machado de Araújo, que na época era gerente de Gestão de Imóveis.

 

Anda segundo o depoente, o próprio diretor-adjunto de Gestão de Pessoas, Hudson Almeida, o teria procurado informando que o presidente da Cemig pediu que ele desocupasse a sala para dar lugar ao secretário de Estado. “Eu mesmo saí com ele pelo 18º andar procurando outra sala para ele ficar”, acrescentou. Tanto Ivna quanto Hudson, que já prestaram depoimento à CPI, disseram desconhecer o fato.

 

“Ou seja, o mesmo presidente que pediu uma sala para o dono da AeC pediu que se desse um jeitinho dessa empresa faturar a licitação que não venceu”, resumiu o relator da CPI da Cemig, deputado Sávio Souza Cruz (MDB).

 

João Polati confirmou ainda ter recebido, e rejeitado, a proposta feita pela empresa de seleção de executivos (headhunter) Exec para a prestação de serviços, também sem licitação. O documento teria sido encaminhado pelo empresário Evandro Veiga Negrão de Lima Júnior, que não tem cargo na Cemig nem no Executivo estadual, mas é secretário de Assuntos Institucionais e Legais do diretório do Partido Novo em Minas Gerais, o mesmo do governador Romeu Zema.

“Tudo isso acontecendo e o silêncio deste governo é ensurdecedor”, criticou o vice-presidente da CPI, deputado Professor Cleiton (PSB).

Irritação – Mas o que mais impressionou os deputados foram os detalhes fornecidos pela testemunha sobre a pressão que sofreu diretamente do diretor-presidente para que mantivesse a AeC no call center da Cemig. Ao ser contrariado pelo subalterno, Reynaldo Passanezi teria dito, irritado: “Parece que eu não mando aqui”.

Essa conversa teria ocorrido na sala do próprio presidente, para onde João Polati fora convocado pelo chefe para discutir o “problema”.

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