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sexta-feira, novembro 22, 2024

Campanha do Laço Branco fortalece combate à violência contra mulheres em Itabira

Projeto integra os 16 Dias de Ativismo para sensibilizar homens no engajamento pelo fim das várias faces da violência: moral, física, psicológica, sexual e patrimonial

A Prefeitura de Itabira, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), e a Comissão Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual e Doméstica de Itabira promovem na cidade a Campanha do Laço Branco. Com foco na sensibilização dos homens, a iniciativa fortalece o combate à violência contra as mulheres em suas várias vertentes: moral, física, psicológica, sexual e patrimonial.

Com o mote “Homens pelo fim da violência contra mulheres”, a campanha contempla os 16 Dias de Ativismo contra a violência de gênero. Equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e Centro Estadual de Atenção Especializada (Ceae), estão envolvidas com a mobilização.

As atividades tiveram início nesta quarta-feira (24), mas a abertura oficial está marcada para o dia 30 de novembro, às 15h, com uma sessão de cinema do filme “O silêncio dos homens”, no teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA).

“São homens que se colocam como sujeitos no combate a violência contra a mulher. Procuramos com esse movimento conscientizar a sociedade como um todo, mas colocando os homens como protagonistas neste processo de defesa e garantia dos direitos da mulher”, explica o secretário municipal de Assistência Social, Elson Alípio Júnior.

O secretário disse ainda que a campanha se faz necessária para mostrar aos homens que pequenas ações podem ser caracterizadas como violência contra a mulher. “Em nosso cotidiano a gente ainda observa traço de uma sociedade patrimonialista, machista e sexista. Por isso, é preciso mostrar que pequenas ações podem se configurar como algum tipo de violência. A violência é um processo que inicia com pequenas atitudes que vão tirando a autonomia da mulher. Precisamos construir e conscientizar a não-violência”, completa o secretário.

Já a psicóloga e coordenadora do Centro de Referência Especializado em Atendimento à Mulher (Cream), Tatiana Gavazza destaca a participação masculina e a importância do evento que integra a campanha dos “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”, uma mobilização mundial, que ocorre em mais de 160 países. “O diferencial da campanha este ano é que teremos à frente dela muito mais homens do que em todos outros anos. Mas o que se torna realmente relevante neste momento é que os homens, além de usarem o laço branco no braço, façam adesão à paz de forma sincera e digam não à violência contra a mulher. A sociedade como um todo deve falar e adotar uma postura ativa frente ao problema. A iniciativa tem prazo determinado, mas a conscientização deve ocorrer de forma constante” relata a psicóloga.

As ações da campanha já começam nesta quarta-feira, 24 de novembro. Confira a programação:

– Dia 24/11 – de 13h às 16h – Capacitação Saúde do homem e Campanha do Laço Branco, no PSF do Gabiroba de Baixo;

– Dia 26/11 – às 09h – Roda de conversa com o tema da campanha, no Caps;

Às 14h, sessão de cinema para os recuperandos da APAC;

– Dia 29/11 – Evento aberto na Associação do bairro Pedreira, às 19h, no Cras;

– Dia 30/11 – Abertura oficial na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), às 15h;

– Dia 01/12 – Palestra no Centro de Triagem Itaurb do bairro Bela Vista, às 07h30;

De 7h30 às 9h, oficina de artes marciais para adolescentes, na Escola Municipal Antonina Moreira;

De 9h30 às 11h, oficina na Escola Municipal Didi Andrade;

– Dia 02/12 – Palestra na Itaurb, Garagem Areão, com informações e sensibilização sobre a campanha, às 7h30;

Às 9h, capacitação no CRAS Pedreira, com informações voltadas às mulheres sobre empregabilidade e mercado de trabalho;

Às 14h, simultâneamente nos cinco Cras do município, capacitação “Ela pode”, com a parceria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e a ONU Mulheres;

– Dia 03/12, às 07h30, palestra na Itaurb, bairro Panorama, com informações e sensibilização sobre a campanha; haverá ainda blitz educativa na Avenida João Pinheiro e acesso aos bancos;

– Dia 06/12, de 07h30 às 9h, oficina de defesa pessoal para adolescentes na Escola Municipal Marina Bragança e, de 9h30 às 11h, oficina na Escola Municipal José Gomes Vieira. O encerramento da campanha acontece às 19h, na FCCDA, com recital “Meninos e Homens declamam para elas”, com o artista Luiz Felipe;

– Dia 07/12, de 13h às 16h, no PSF Gabiroba, apresentação do documentário “O silêncio dos homens” e roda de conversa com o tema: Saúde do homem, masculinidade, sexualidade, machismo, racismo e violência.

Números

Em Itabira há um equipamento público para atenção social a casos de violência contra a mulher, o Centro de Referência Especializada de Atendimento à Mulher (Cream), que possui profissionais capacitados para prestar assistência. De acordo com dados coletados pelo órgão, no período de um ano, com base no mês de outubro, 488 pessoas foram atendidas. A faixa etária com maior índice de violência está entre mulheres de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos. Os dados socioocupacionais mostram que 69% dessas mulheres estão desempregadas; dentre as que têm ocupação, apenas 7% estão com emprego formal. Até setembro/2021, 130 mulheres e suas famílias estavam recebendo proteção especial pelo Cream.

Campanha do Laço Branco

A campanha está presente em mais de 50 países em todos os continentes e é apontada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das maiores iniciativas direcionadas ao tema que envolve homens com a violência doméstica. Tem a participação de diferentes setores da sociedade que estão engajados na luta pela promoção da equidade de gênero e superação das desigualdades.

Surgiu após o dia 6 de dezembro de 1989, quando o canadense Marc lepine, 25 anos, invadiu uma sala de aula da Escola Politécnica, na cidade de Montreal e assassinou enfurecidamente 14 mulheres. Antes do assassinato ele ordenou que os homens saíssem da sala. Após o crime ele suicidou-se. O rapaz deixou uma carta, na qual afirmava que cometeu o crime porque não suportava ver mulheres estudando Engenharia.

O crime abalou o país e mobilizou toda a opinião pública. A partir de então iniciaram debates sobre desigualdades entre homens e mulheres envolvendo a violência sexual e doméstica. Como forma de mostra que existem homens que não compactuam com a violência contra a mulher, um grupo de homens canadenses criou a campanha e elegeram o Laço Branco como símbolo. O tema da mobilização foi definido: jamais cometer um ato violento contra mulheres e não fechar os olhos frente a essa violência.

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