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sábado, novembro 23, 2024

Aberta ocupação artística Abril Indígena no Palácio da Liberdade

Iniciativa visa à salvaguarda das culturas dos povos tradicionais e originários, além de apresentar exposições para o público visitante

 O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), abriu neste sábado (29/4) a Ocupação Artística “Abril Indígena – Demarcando Mentes e Pensamentos”. O objetivo da iniciativa é homenagear as comunidades indígenas e iniciar um importante trabalho de preservação de suas culturas.

 A ocupação, que vai até 7/5, no Palácio da Liberdade, equipamento que integra o Circuito Liberdade, é realizada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e pela Fundação Clóvis Salgado (FCS), em parceria com a associação cultural sem fins econômicos APPA e, também, com membros de entidades representativas das comunidades indígenas.

 A cerimônia de abertura foi marcada pela chegada de cerca de 30 pessoas da aldeia indígena dos Xucuru de Brumadinho. Crianças e adultos realizaram uma performance ritualística envolvendo canto e dança.

 A secretária adjunta de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Milena Pedrosa, destacou a importância desse encontro.

 “Hoje é o início de muito trabalho coletivo. Estou muito feliz de estar aqui com vocês, saudar esse sagrado, e podermos juntos construir uma política pública consistente para preservar a cultura indígena. Sou uma servidora pública e estou aqui para servir a vocês, indígenas”, reforçou Milena Pedrosa.

 Maria Flor Guerreira, indígena Pataxó, ressaltou a importância de o espaço abrir as portas para os povos originários.

 “Estamos aqui, nesta data, com a Secretaria de Cultura e Turismo, com o Iepha, montando um grupo que consiga manter, preservar, fortalecer e fazer o letramento social com a nossa ancestralidade, com nossas tradições. Esse é um momento ímpar na história de Minas Gerais: de um lugar que antes era só para autoridades ser, hoje ocupado por nós, povos indígenas”, enfatizou.

 Programa estadual

 Um dos destaques do evento foi a assinatura da portaria que formaliza a criação do Grupo de Trabalho para implementação do Programa de Salvaguarda das Culturas Indígenas em Minas Gerais.

 “A criação desse Grupo de Trabalho marca um momento de grande relevância para Minas Gerais. Estamos iniciando as etapas de elaboração de um novo programa que visa à proteção e salvaguarda das culturas indígenas a partir de um gesto de respeito, dignidade e justiça pela história dos povos originários”, pontuou o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira.

 O documento foi assinado pela presidente do Iepha, Marília Palhares Machado, que sublinhou o respeito da instituição pela história, cultura e conhecimento dos povos originários.

 “O termo ‘indígena’ significa ‘originário’, aquele que está ali antes de outros. Esses povos contribuíram e continuam contribuindo muito para formação de nossa identidade, de nossa língua, nossa alimentação, entre diversos outros hábitos do nosso cotidiano. Para tratar os povos indígenas na perspectiva do patrimônio cultural, é preciso retomar essa cultura de forma correta: na perspectiva daqueles que detém o conhecimento e vivenciam essa cultura”, afirmou Marília.

 O subsecretário de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), Duílio Silva Campos, reafirmou o compromisso da pasta com o Grupo de Trabalho e seus resultados positivos.

 “Nós, da Secretaria de Desenvolvimento social, tratamos a cultura indígenas e das comunidades tradicionais por meio da nossa Coordenadoria Estadual de Igualdade Racial. É um desafio sempre grande, mas é um desafio que traçamos porque a luta do seu povo é a nossa luta”, reforçou.

 A proposta é que, juntos, Estado e representações indígenas iniciem a elaboração coletiva de ações de proteção, fomento e promoção da cultura dos povos originários. A criação de Grupos de Trabalho é, por essência, um espaço fundamental na garantia da participação dos detentores de bens culturais no desenvolvimento de ações de salvaguarda do patrimônio cultural.

 A Secult, por meio do Iepha, tem como experiência bem-sucedida dessa metodologia participativa a criação do Afromineiridades – Programa de Proteção da Cultura Afro em Minas Gerais no qual o Grupo de Trabalho conta com lideranças negras, quilombolas, povos de terreiros e congadas de Minas Gerais, assegurando a participação de comunidades tradicionais no planejamento e execução de políticas públicas de cultura, turismo e patrimônio cultural.

 Além do Iepha, o Grupo de Trabalho será formado pelo Comitê Mineiro Indígena; Conselho dos Povos Indígenas de Minas Gerais (Copimg); Articulação dos Povos Indígenas (Apib); Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME); Articulação Nacional de Mulheres Indígenas (Anmiga); Comissão Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais (CEPCT); Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial;  Formação Intercultural de Educadores Indígenas da Faculdade de Educação da UFMG; Indígenas do Colegiado das Atas Suplementares da UFMG; Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva; Conselho Indigenista Missionário de Minas Gerais; Representantes das Culturas Indígenas do Conselho Estadual de Política Cultural (Consec-MG); Secult; Sedese; Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) de Minas Gerais.

 Exposições

Durante oito dias, visitantes do Palácio da Liberdade poderão entrar em contato com obras do acervo museológico da Superintendência de Bibliotecas, Museus, Arquivo Público e Equipamentos Culturais (SBMAE) que mostram um pouco da diversidade das histórias e das culturas dos povos indígenas de Minas Gerais.

 A ocupação “Abril Indígena – Demarcando Mentes e Pensamentos” tem curadoria da assessoria da deputada federal Célia Xakriabá, primeira indígena eleita no estado.

 Representando a deputada, Daru Tikuna, que também é artista e titular da Cadeira de Culturas Indígenas do Conselho Estadual de Política Cultural, falou da importância da cultura indígena para repensar as formas de habitarmos a Terra.

 “A variedade e riqueza da cultura indígena, etnicamente, expressa a elevada capacidade de resistência e afirmação da nossa identidade. Estamos aqui hoje em uma perspectiva de planejar, de organizar, de crescermos juntos, de repensar um novo país, um novo mundo”, declarou Daru Tikuna.

 Além de expor as obras do acervo da SBMAE, a ocupação propõe uma série de atividades que celebram as histórias e a produção cultural e artística de matriz indígena em Minas Gerais. No Palácio da Liberdade, são apresentadas as fotografias “Gavião Bateu Asa e Rodopiou a Onça Pintada Cantou e Dançou”, “Canto e Dança do Pajé” e “Mulheres Indígenas Reflorestando Mentes para a Cura da Terra”, de Edgar Kanaykõ, o cinema de Sueli Maxakali, e pinturas de artistas indígenas de diversas etnias do estado.

 Simultaneamente, nos jardins do Palácio, é destaque a exposição “Abya Yala”, com 15 estandes para venda de arte indígena, como bonecas, crochês, cestarias, peças em madeira, tecidos e vestimentas, biocolares e acessórios. Artigos dos povos Kambiwá, Pataxó e de povos originários da Bolívia e do Peru também são encontrados neste local.

 Além de ser um espaço coletivo para apresentação dos trabalhos e de geração de renda para as famílias, a “Abya Yala” serve para integrar diferentes culturas. Essa mostra acontece até 6/5 (sábado).

 Sabor e troca de saberes

 Outro trabalho dentro da Ocupação Artística Abril Indígena foi um banquete convidando o público à troca de saberes e de conhecimentos sobre a ancestralidade dos povos originários. Com ingredientes sazonais, a mesa foi composta por alimentos coletados em quintais urbanos e de produção agroecológica, com processamento mínimo e respeito à natureza.

 Uma pequena fornalha, construída para o evento, serviu de suporte para o cozimento lento das refeições, possibilitando aos presentes vivenciarem os processos de preparo, compartilhamento e aprendizagem da relação cosmológica com os alimentos. O banquete será partilhado entre os visitantes.

Ocupação Artística Abril Indígena – Demarcando Mentes e Pensamentos

 

Data: até 7/5/2023 (domingo)

 

Horário de visitação: de quarta a sexta-feira, das 12h às 18h; sábado e domingo, das 10h às 18h.

 

Local: Palácio da Liberdade (Praça da Liberdade, s/nº, Funcionários, Belo Horizonte / MG)

 

Entrada gratuita

Crédito (fotos): Léo Bicalho / Secult 

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