Programa do Governo de Minas também disponibiliza educação para mercado segmentado e extremamente relevante para o Estado, que possui a maior quantidade de bens culturais protegidos no Brasil
O programa Trilhas de Futuro, do Governo de Minas, e executado pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), está capacitando jovens de todo o estado e abrindo novas oportunidades de emprego em áreas que apresentam escassez de mão de obra qualificada ou fazem parte de um nicho de mercado muito específico. Dentre os cursos técnicos mais disputados, como enfermagem, segurança do trabalho, radiologia, mecânica e administração, algumas áreas de atuação possuem um nicho de mercado segmentado e específico, mas extremamente importante para a preservação da identidade mineira.
É o caso do curso de conservação e restauro, que faz parte do eixo tecnológico de produção e design do Trilhas de Futuro, que para além da formação técnica e execução da atividade, é ligada à área artística. Ofertado na terceira edição do programa, iniciada em 2023, o curso da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), é pioneiro e referência na formação de profissionais para atuarem na preservação e reconstituição de obras de arte e até mesmo documentos antigos.
Na formação, o profissional é qualificado para atuar na conservação e restauração de bens móveis, esculturas, pinturas, dentre outros. Além disso, o profissional atua com elementos artísticos inseridos nas edificações, como forros e altares das igrejas. Dividido em cinco módulos semestrais, com carga horária aproximada de 1,7 mil horas, incluindo o estágio curricular, o processo de ensino-aprendizagem do curso é conduzido de modo a aliar a fundamentação conceitual à vivência prática.
Para a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica, Kellen Silva Senra, o programa Trilhas de Futuro tem uma grande responsabilidade na atuação e especificidade dos cursos que oferta, buscando qualificar e preparar bem os jovens para o mundo do trabalho. “É de extrema importância termos bons profissionais, com habilidades desenvolvidas e, a atuação específica, através dos cursos técnicos ofertados pelo programa, que são essenciais para a qualificação profissional dos nossos jovens”, ressalta.
A instituição, que formatou o primeiro curso no Brasil destinado a execução prática das técnicas de cuidado com o patrimônio, é referência nacional e internacional. “O curso disponibilizado pela Faop é extenso e detalhado, uma área importantíssima para auxiliar na valorização do patrimônio mineiro e brasileiro. Esse tipo de iniciativa possibilita a expansão do conhecimento além do respeito a nossa história”, afirma o estudante Lucas Araújo.
O pioneirismo do curso fez com que a estudante Lara Freitas de Oliveira viesse do Rio Grande do Sul para Ouro Preto, em busca da especialização e da realização de um sonho. Para a estudante, a Faop está ligada diretamente ao acervo histórico da cidade e ela se sente grata por fazer parte desta formação. “As experiências práticas que a Faop proporciona são imprescindíveis, tanto para nossa formação, quanto para termos a certeza da área profissional que queremos seguir”, comenta.
Patrimônio Cultural em Minas
O número de atrações culturais e turísticas no estado revela a dimensão da alta demanda para a capacitação, além da responsabilidade com a conservação de patrimônio cultural histórico. No Brasil, Minas Gerais tem a maior quantidade de bens culturais protegidos, além de suas cidades turísticas reconhecidas pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Cidades como Diamantina, Serro e Conceição do Mato Dentro demandam um alto número de profissionais capacitados na área de conservação e restauro, uma vez que detém um acervo grande de materiais históricos.
Segundo dados do ICMS Patrimônio Cultura em Minas Gerais, o estado tem quase 6 mil bens culturais reconhecidos, sendo 149 tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), com destaque para os 11 núcleos históricos, 23 conjuntos paisagísticos e sete bens registrados como patrimônio imaterial. Além disso, quanto ao patrimônio cultural material reconhecido pelo Iphan, Minas Gerais concentra 17% dos bens tombados no país, o segundo em todo o Brasil, com quatro sítios do Patrimônio Cultural da Humanidade, dos 14 reconhecidos pela Unesco no país. Neste caso, há um vasto leque de opções para a profissionalização, tendo em vista os grandes números de demanda para conservação e restauro de patrimônios históricos.
Quarta edição do Trilhas de Futuro já está em andamento
O programa Trilhas de Futuro disponibiliza, em mais de 130 municípios do estado, 82 cursos profissionalizantes, com destaque para os técnicos em enfermagem, segurança do trabalho e radiologia, para o número de matrículas ativas. Na terceira edição foram oito novos cursos técnicos introduzidos: Vigilância em Saúde, Transporte de Cargas, Técnico em Planejamento e Controle da Produção, Técnico em Internet das Coisas – IoT, Técnico em Celulose e Papel, Técnico em Agroindústria e o Técnico em Conservação e Restauro.
Os cursos técnicos escolhidos para fazer parte do programa Trilhas de Futuro são fruto da escuta ativa, junto do setor produtivo e as empresas distribuídas no estado, onde é feito um mapeamento do setor, visando entregar às áreas específicas, mão de obra qualificada, atendendo a necessidade do setor produtivo. “O Trilhas de Futuro tem uma grande responsabilidade, hoje, na política pública, na formação profissional dos jovens, principalmente porque os prepara para entrar no mercado de trabalho, atendendo as necessidades e as exigências que todo o mercado precisa”, acrescenta a subsecretária Kellen.
Neste sentido, as instituições de ensino que oferecem cursos técnicos podem acessar o mapeamento que fornece dados relevantes sobre demanda e empregabilidade em todas as regiões de Minas Gerais. Criado pela SEE/MG, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede) e com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese/MG), o portal traz o resultado da análise dos dados de empregabilidade, demanda e oferta dos cursos, a partir de um ranking de prioridade que guiará a oferta dos cursos técnicos no programa Trilhas de Futuro. O mapeamento está disponível neste link.
Para a 4ª edição, já está em andamento o credenciamento das instituições de ensino, até 15/9, conforme edital publicado. A previsão é que o resultado do credenciamento seja publicado em 18/10. Já as inscrições para alunos serão apenas em novembro.
