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sábado, fevereiro 22, 2025

Trabalhadores da Cemig se mobilizam contra possível aumento do plano de saúde

Segundo funcionários da estatal, se proposta for aprovada nesta sexta (21) representará aumento médio de 300% para cada trabalhador.

Um possível aumento de 60,5% nas mensalidades do plano de saúde de funcionários da ativa e aposentados da Cemig foi denunciado, nesta quinta-feira (20/2/25), em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Trabalhadores da Cemig lotaram o Auditório José Alencar durante a reunião, que foi precedida de um ato público em frente à estatal contra a medida. Conforme relataram, essa proposta de reajuste foi apresentada pela direção executiva da Cemig Saúde ao seu conselho deliberativo nesta quinta (20) e pode ser votada nesta sexta (21).

Um requerimento endereçado à Cemig e aprovado durante a audiência pede a suspensão da reunião agendada para esta sexta (21) para votação da proposta. O documento é de autoria dos deputados Betão, Leleco Pimentel e Beatriz Cerqueira, todos do PT.

Além do reajuste das mensalidades, Marcelo Correia, conselheiro da Associação dos Beneficiários da Cemig Saúde e Forluz, disse que a proposta também inclui a retirada de patrocínio da Cemig, determinando que o valor de R$ 1.045,98 seja pago pelos beneficiários.

“Tudo isso vai gerar um aumento médio para cada trabalhador de 314%. Um funcionário que paga hoje R$ 790 vai passar a pagar R$ 2.480. Então, muitos não poderão continuar com o plano de saúde.”
Marcelo Correia
Conselheiro da Associação dos Beneficiários da Cemig Saúde e Forluz

Marcelo Correia relatou que mais da metade dos titulares dos planos é de idosos. Além disso, há cerca de 50 mil beneficiários, incluindo titulares e dependentes.

“Sabemos que o assunto não é objeto de legislação estadual, mas precisamos de apoio contra essa medida”, afirmou.

Para o conselheiro, patrocinar o plano de saúde nunca impediu a Cemig de ter lucro. “Mas querem cortar para terem ainda mais lucros e pagar dividendos”, afirmou.

Trabalhadores criticam reajuste

O coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais, Emerson Leite, também condenou o possível aumento do valor do plano de saúde.

De acordo com ele, a Cemig criou, no passado, duas estruturas de apoio a seus trabalhadores, em decorrência do adoecimento em função do trabalho e do envelhecimento dos mesmos: a Forluz que cuida da questão previdenciária e a Cemig Saúde.

“Agora é a vez da Cemig Saúde, mas o governo Zema tem atacado sistematicamente essas duas instâncias. E isso não é por acaso”, falou, enfatizando que a atual gestão aposta na privatização das estatais.

Corroborou a fala anterior o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e funcionário da Cemig, Jairo Nogueira Filho.

Ele contou que atua na estatal desde 1988 e o plano de saúde foi construído coletivamente na década de 1990. “Tinha ótima qualidade”, relatou.

Secretário-geral do Sindieletro-MG e secretário de Formação da CUT Minas, Jefferson Leandro Teixeira disse que essa luta une trabalhadores ativos e aposentados da estatal. Para ele, a precarização do plano integra uma intenção maior para privatização da empresa.

Cemig é valiosa para Estado

A diretora do Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais, Maria Helena Barbosa, salientou o quanto a Cemig é valiosa.

“Seu valor de mercado está em R$ 28 bilhões. Em 2023, seu lucro ficou em quase R$ 6 bilhões. A Cemig tem uma rede de distribuição que leva luz há mais de 700 cidades em Minas.”
Maria Helena Barbosa
Diretora do Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais

Diante disso, ela enfatizou que Minas não pode abrir mão da Cemig e criticou o governo estadual por desqualificar a empresa e seus trabalhadores, além de romper com valores como saúde e segurança no trabalho e prestação de um serviço de qualidade.

Deputados manifestam apoio a trabalhadores da Cemig

O presidente da comissão, deputado Betão, que solicitou a reunião, criticou a possibilidade de aumento do valor do plano de saúde dos funcionários da Cemig. Conforme falou, as perdas serão enormes, se nada for feito.

Betão disse que, desde 2019, acompanha denúncias de trabalhadores da Cemig. “Há assédio moral contra dirigentes sindicais, além de terceirizações”, comentou, acrescentando que tudo isso é reflexo do ataque e do desmantelamento das principais companhias de Minas Gerais por parte do governo.

Concordou com ele o deputado Leleco Pimentel. Ele conclamou os trabalhadores a continuaram na luta pela manutenção da Cemig.

Para a deputada Beatriz Cerqueira, a questão é muito séria e vai afetar de modo abrupto a vida dos trabalhadores da estatal, sobretudo, de aposentados idosos que dedicaram sua vida ao trabalho na Cemig.

Segundo o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), a medida busca claramente inviabilizar o plano de saúde. Ele salientou que é necessário dar respostas concretas à medida.

A audiência se desdobrou em vários requerimentos, todos aprovados no fim da audiência. Entre eles, um para que o presidente da Cemig e o diretor-presidente da Cemig Saúde sejam convocados para explicar a medida. A autoria é dos três deputados estaduais presentes na reunião.

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