Educadores apontam caminhos para despertar o interesse dos jovens pela escrita e leitura
O ambiente digital traz benefícios consideráveis para a sociedade globalizada, no entanto, o excesso de telas pode estar impactando a habilidade de interpretar e construir textos da geração Z. Segundo um estudo da Universidade de Stavanger, na Noruega, os alunos que passaram um ano focando somente na escrita digital perderam 40% da fluência na escrita manual.
De acordo com os responsáveis pela pesquisa, essa perda afeta não apenas a caligrafia, mas também faz com que esses alunos evitem frases longas e demonstrem dificuldade na construção de parágrafos. Nesse cenário, um estudo feito com alunos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) aponta que até mesmo os estudantes universitários de Letras tiveram dificuldades para compreender e interpretar textos em aula.
“Os principais fatores que podem estar por trás são as leituras de baixa complexidade que as redes sociais previstas e, atualmente, impactam tanto as crianças quanto os adolescentes. Com o advento das novas tecnologias, as mensagens são curtas, rápidas e sem complexidade. Não existe uma necessidade premente de análise”, explica Karla Lavrador, Diretora Pedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental Anos Iniciais da Rede Alfa CEM Bilíngue.
Segundo a pesquisa Tic Kids Online Brasil de 2024, 93% dos jovens de 9 a 17 anos são usuários da Internet no Brasil. Diante disso, os desafios da leitura podem trazer consequências a longo prazo para os estudantes do Ensino Médio que enfrentam dificuldades desde a infância.
“Muitos alunos chegam ao Ensino Médio enfrentam sérios déficits acumulados durante os anos anteriores de alfabetização, especialmente no Ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais. Entre estes problemas, destaca-se o vocabulário limitado, a dificuldade de realizar inferências e a falta de fluência na leitura. A exige leitura concentração, paciência e habilidade de lidar com a ambiguidade”, ressalta Rafael Galvão, Diretor Pedagógico do Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio da Rede Alfa CEM Bilíngue.
Como enfrentar esse desafio na sala de aula
Ao propor soluções para essa questão enfrentada pelos alunos, é preciso considerar a faixa etária dos estudantes. Para Lavrador, o caminho para a Educação Infantil e para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental pode ser retornado ao “antigo”, por meio de clubes do livro, leituras em grupo, apresentação teatral e saraus.
Já no Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio, Galvão reforça que é preciso ir além das iniciativas em salas de aula. Ele lista abaixo dez estratégias inovadoras fora de sala que podem instigar os alunos, que vão desde clubes de leitura até booktubers escolares:
Gamificação da leitura: Criar desafios, enigmas e jogos interpretativos transforma a leitura em algo mais dinâmico (ex: escape room literário, caça ao tesouro com pistas no texto, leitura codificada…).
Clube do livro com escolha dos alunos: Quando os próprios estudantes escolhem o que ler (inclusive HQs, romances YA ou literatura contemporânea), o envolvimento é maior. Além disso, a leitura de um mesmo livro por toda a turma, com rodas de conversas temáticas, murais visuais e troca de flores também aumenta o interesse.
Produção de conteúdo inspirado na leitura: Reescrever finais de histórias, criar memes e vídeos baseados em textos lidos desenvolve a compreensão e dá protagonismo. Essa produção também pode ser o desenvolvimento de uma revista escolar, jornal literário ou blog de resenhas. Neles, o aluno se vê como autor e leitor crítico da realidade.
Debates e podcasts escolares: Formatos orais de discussão sobre textos ampliam a análise e ajudam estudantes com dificuldade na produção escrita.
Realidade aumentada e códigos QR em textos físicos: Usar tecnologia para expandir a leitura (vídeos explicativos, análises, dicionários contextuais) facilita a compreensão e motiva a exploração exploratória.
Feiras literárias e cafés filosóficos: Espaços de leitura com rodas de conversa, debates temáticos e encontros com autores.
Oficinas de leitura crítica com foco em atualidades: Leitura de artigos de opinião, editoriais, HQs e textos jornalísticos contemporâneos. Nesse contexto, elaborar projetos com foco em literatura marginal, periférica e negra ajuda a ampliar o letramento social, gerando identificação e senso crítico.
Booktubers da escola: Alunos criam vídeos curtos recomendando livros, explicando textos ou lendo trechos comentados para compartilhar com a turma.
Feiras literárias escolares: Cada turma lê um livro e prepara uma apresentação crítica e criativa (encenação, painel, podcast, exposição temática).
Entendendo o que escuta: Fazer interpretações de músicas clássicas e da contemporaneidade, analisar músicas desde as críticas às ditaduras até os raps e traps refletindo a verdadeira mensagem por trás da letra.
“Outra possibilidade é o cruzamento entre texto e mídia, ou seja, ler uma obra e assistir a sua adaptação cinematográfica para depois compará-las criticamente. Além disso, essas iniciativas têm caráter voluntário, interdisciplinar e integrador, permitindo a leitura ocupando outros espaços para além da sala de aula tradicional”, comenta Galvão.
Ele ainda ressalta o quão importante é que os textos utilizados na sala de aula não apresentam um distanciamento temático em relação à realidade dos adolescentes. “Os materiais utilizados em algum aspecto devem dialogar com as preocupações, dilemas, linguagens e interesses próprios de cada faixa etária, contribuindo para o engajamento com a leitura e a aprendizagem”, finaliza o Diretor Pedagógico do Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio.
Sobre a Rede Alfa CEM Bilíngue
A Rede Alfa CEM Bilíngue foi idealizada através do sonho de uma professora de História e tem uma filosofia educacional que impulsiona a percepção do aluno, fazendo-o refletir, questionar e principalmente transformar. Hoje, a Rede mantém uma premissa sólida de que o conhecimento humano é o maior tesouro a ser legado para as próximas gerações e que, ao mesmo tempo, a autonomia intelectual oferecerá ao estudante a capacidade de fabricar o conhecimento, adquirido e/ou produzido, de maneira única e autêntica. A Rede Alfa CEM Bilíngue aposta na diversificação metodológica para gerar o prazer da aprendizagem, seguida pelo desenvolvimento de múltiplas formas de aprendizagem durante toda a vida, o que permite obter resultados em primeiro lugar nos últimos anos do ENEM em toda a Rede e manter a taxa de 100% de aprovação das provas de proficiência de Cambridge. Saiba mais em: alfacembilingue.com.br .