A Regional de Saúde de Itabira, através do Núcleo de Vigilância Epidemiológica e da Coordenação de Assistência Farmacêutica, realizou ontem (24/03), uma capacitação sobre “As ações de controle da Doença de Chagas” para os municípios da Região de Saúde de abrangência da Regional.
A reunião realizada em ambiente virtual foi direcionada às referências municipais em Vigilância em Saúde, Atenção Primária e Assistência Farmacêutica, sendo ministrada por Marcelo Barbosa Motta, coordenador da Vigilância Epidemiológica e pela farmacêutica Danielle Martins Moreira, referência técnica da Assistência Farmacêutica.
De acordo com os técnicos da Regional, o objetivo foi reforçar a importância da identificação, acompanhamento e tratamento de pessoas infectadas, principalmente casos crônicos. Foram abordados assuntos sobre perfil epidemiológico, formas de transmissão, diagnóstico, monitoramento, tratamento, notificação e investigação de casos e fluxo de solicitação de medicamentos.
O coordenador de Vigilância Epidemiológica, Marcelo Barbosa Motta, durante a capacitação esclareceu aspectos histórico-sociais da doença de chagas, tratamento, profilaxia e fluxo de encaminhamento de amostras para o Laboratório da Fundação Ezequiel Dias em Belo Horizonte.
“Como encaminhamento, as referências municipais mobilizarão esforços para identificarem áreas e/ou grupos de risco, fazendo com que os serviços de saúde incorporem as ações de controle da doença de Chagas na rotina”, esclareceu Marcelo.
A farmacêutica Danielle Martins Moreira, referência técnica da Assistência Farmacêutica, apresentou a abordagem terapêutica adotada para a doença de Chagas e as atualizações sobre o fluxo de acesso para o tratamento etiológico com os medicamentos benznidazol e nifurtimox no Sistema Único da Saúde.
“Essa reunião virtual com as referências técnicas municipais possibilitou que alinhássemos ações e condutas frente aos casos suspeitos e confirmados de doença de Chagas, ressaltando a importância do diagnóstico correto, da notificação dos casos e da possibilidade de tratamento etiológico tanto na fase aguda quanto na fase crônica da doença”, pontual Daniella.
Em um segundo momento, de acordo com Marcelo, a Regional irá definir uma data junto aos municípios, visando capacitar os agentes de campo e laboratoristas para identificação entomológica do vetor da Doença de Chagas que são os triatomíneos, popularmente conhecidos como barbeiro, em outras regiões brasileiras como bicudo, chupão, furão e procotó.
“Na verdade o objetivo final das capacitações realizadas pelos Núcleos Técnicos da Regional de Saúde de Itabira é de proteger a população, não só em relação à doença de Chagas, mas em muitas outras doenças, esse é o papel da regional” finalizou Marcelo.
Doença de Chagas
A doença de Chagas cientificamente conhecida como Tripanossomíase americana é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi transmitido pelo barbeiro, inseto hematófago (que se alimenta de sangue). A pessoa infectada pode evoluir para um quadro agudo da doença ou crônico. No agudo, a doença pode apresentar de forma indeterminada sem nenhuma manifestação clínica e laboratorial. No quadro crônico, o paciente pode apresentar complicações cardíacas, digestiva ou mista (cardíacas e digestivas).
Prevenção
A prevenção da doença de Chagas está intimamente relacionada à forma de transmissão. Uma das formas de controle é evitar que o barbeiro forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de inseticidas residuais por equipe técnica habilitada.
Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas. Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata.
Em relação à transmissão oral, as principais medidas de prevenção são: intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com especial atenção ao local de manipulação de alimentos; instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de processamento do alimento para evitar a contaminação acidental por vetores atraídos pela luz; realizar ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação; resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a transmissão oral, mas sim o cozimento acima de 45 graus centigrados, a pasteurização e a liofilização.
Tratamento
O tratamento da doença de chagas deve ser indicado por um médico, após a confirmação do diagnóstico. O remédio, chamado benznidazol, é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, mediante solicitação das secretarias estaduais de saúde e deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda, assim que ela for identificada. Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.